AGOSTO 2010

cafésolo

sábado, 19 de fevereiro de 2011

apuro


















Um impulso corrompe
um martírio, ou o seu
oposto – como direi –
o apurar da noticia;

a verdadeira razão de um
suor empenho: um enfado.
Emocionalmente perdeste
a ligação com o mundo.

Rasgaste o «kit» de sobre-
vivência, ultrapassado
que está o prazo dessa
validade. E não há mais

nada para romper; nada
que te prenda à matéria
ou má sorte em que dormes.
E os outros, os outros todos

preferem, ou ainda melhor:
parecem escolher morrer
sós, escondidos desde o alto 
da escarpa. Disfarçados vão

entre medos e suores frios, 
entre o amor e os ódios todos
do mundo às traseiras da vida.
Perdem-se os dias, os anos,

o cabelo e os dentes, o caminho
que não se escolhe como ao nosso
próprio sangue. Bebem-se amargos
 – engolidos venenos – e foge-se,

foge-se de tudo e das sombras do
nosso corpo; por fim escapa-se
[quase ileso] a esta espécie de mau
agoiro – que se desata – sem querer.

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