Avanço
pela noite
contra o debote baço
das fotografias.
Conheço «de cor» este
lugar, este país,
esta espécie de
inércia histórica
que nos abraça
familiar
desde a mais
longínqua infância.
Por vezes penso que
não te pertenço
que não te desejo
que não deveria ter
nascido aqui.
Por isso avanço
contra inércia,
contra a cidade,
contra o reino da apatia.
E as palavras a arder – contra
os limites do futuro.
Custa aprender de cór um lugar - demora,por vezes, uma vida - , mas o que mais custa, depois de tudo, é não nos revermos nele.Como nos desfiliamos, Miguel?
ResponderEliminarCaro Miguel:
ResponderEliminarEste belo poema traduz bem o sentimento da descença e do esfumar da esperança da nossa identidade colectiva.Todos nós estamos a perceber que alguma coisa está a morrer e não sabemos ainda se vai voltar a nascer. E é por isso que todas as palavras ardem "contra os limites do futuro".E é também por isso que todos começamos a pensar que não pertencemos a este país, que nos aparece em fotografias desfocadas e desbotadas.
Que eu saiba, o Miguel é o primeiro poeta a abordar esta lancinante angústia do momento presente, recolocando-a no patamar da atávica inércia de todos os tempos da nossa História.
Vou publicar este seu poema no meo blogue, o Alpendre da Lua
Gosto muito do seu comentário assertivo e simples, meu caro Alexandre!
ResponderEliminarAproveito para "informar" que colocarei o seu blogue na minha lista de blogues a visitar.
Obrigado pelo apoio que me tem dado.
Um abraço!
Eu é que tenho de agradecer a bela poesia que oferece aos leitores.
ResponderEliminarObrigado também por distinguir o meu humilde blogue.
Um abraço
Alexandre de Castro