AGOSTO 2010

cafésolo

quarta-feira, 13 de abril de 2011

inércia

















Avanço pela noite
contra o debote baço das fotografias.
Conheço «de cor» este lugar, este país,
esta espécie de inércia histórica
que nos abraça familiar
desde a mais longínqua infância.

Por vezes penso que não te pertenço
que não te desejo
que não deveria ter nascido aqui.
Por isso avanço contra inércia,
contra a cidade, contra o reino da apatia.
E as palavras a arder  contra os limites do futuro.

4 comentários:

  1. Custa aprender de cór um lugar - demora,por vezes, uma vida - , mas o que mais custa, depois de tudo, é não nos revermos nele.Como nos desfiliamos, Miguel?

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  2. Caro Miguel:
    Este belo poema traduz bem o sentimento da descença e do esfumar da esperança da nossa identidade colectiva.Todos nós estamos a perceber que alguma coisa está a morrer e não sabemos ainda se vai voltar a nascer. E é por isso que todas as palavras ardem "contra os limites do futuro".E é também por isso que todos começamos a pensar que não pertencemos a este país, que nos aparece em fotografias desfocadas e desbotadas.
    Que eu saiba, o Miguel é o primeiro poeta a abordar esta lancinante angústia do momento presente, recolocando-a no patamar da atávica inércia de todos os tempos da nossa História.
    Vou publicar este seu poema no meo blogue, o Alpendre da Lua

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  3. Gosto muito do seu comentário assertivo e simples, meu caro Alexandre!

    Aproveito para "informar" que colocarei o seu blogue na minha lista de blogues a visitar.

    Obrigado pelo apoio que me tem dado.
    Um abraço!

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  4. Eu é que tenho de agradecer a bela poesia que oferece aos leitores.
    Obrigado também por distinguir o meu humilde blogue.
    Um abraço
    Alexandre de Castro

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