AGOSTO 2010

cafésolo

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

escrito nas rosas




















Há uma voz que se prende
à distância de um caminho breve 
e cada vez mais próximo.

Dizem-nos que toda a existência
é breve e que todos somos a face
de uma mesma distância gasta.

Dizem-nos ainda que nos recordam
pelo brilho com que fomos perdendo
uma certa inocência.

Olho-me de frente para a luz 
para a mesma razão com que ignoro 
a minha própria cara, e rejeito liminar 

modo ou processo de olhar, essa mesma 
distância que não me pertence
tal & qual o escape por inventar.

Pouso no alto da minha caneta
e desfaço-me pelo rosto replicado
no espelho baço. Escrevo e digo

e não digo nada daquilo que porventura
deveria ficar escrito nas rosas. Faço e vou,
consigo e aconteço, da mesma forma

que fria a morte nos serve na espera.
E o leitor para no verso e pensa a morte,
escreveu-se morte desde que existimos,

desde que uma voz em nós se desprendeu.
Desde a distancia gasta ao caminho,
até ao anseio que nos segue indiferente 

do medo ou modo de inexistir. Como se 
toda a nossa verdade ficasse inscrita
junto às rosas. As rosas turvas do fim.

1 comentário:

  1. Se nos pudermos inscrever nas rosas e aí perdurar para além desta nossa finitude trágica... então talvez valha a pena esta breve existência...

    Bom ler-te, primo :)

    Terno beijinho

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