quinta-feira, 17 de junho de 2010
meia palavra amiga
Trago uma dor entranha
que me castiga a partir das costas,
desde o sofá até à banca.
Parece que esta lâmina me rasga
precisa
num ágil corte
desd'a frágil cervical até à lombar.
E tudo parece é ter mesmo
que andar;
tal como o lixo caseiro
que caseiramente produzimos
mas precisamos expulsar rapidamente,
como se nunca o tivéssemos tido
ou sequer desejado
desde o início.
Sei que preciso trocar de posição,
mas aquilo que consigo ter como certo
é que é essa mesma posição
que me vai acertando
afiada
numa espécie de alerta
duma meia palavra “amiga”.
Em vez disso
permito-me acertar
olhos-nos-olhos
com uma certa conivência dum:
poder morrer devagar.
(Só os outros, os tolos,
é que acreditam
e vêem o amor nos pássaros
que lhes cantam a cada manhã,
em cada centelha certeira,
harmonizada com as tolas frinchas
_______ [da minha persiana.)
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Gostei da parte "parece que esta lâmina me rasga"
ResponderEliminarAs tuas palavras trazem sempre vida nelas...
Mafalda
Beijo Mafalda,
ResponderEliminarObrigado pela visita e comentário.
Este teu poema deu-me dores nas minhas costas.
ResponderEliminarDesde a cervical até à lombar...!
Desde que por vezes me arrasto da cama para o cadeirão por não poder estar deitada e não querer ainda recorrer aos barbitúrcios, fica a nota que realmente tem vida o poema!!!
:)
ResponderEliminarBeijo Teresa.
essa dor não é entranha...é no minimo estranha
ResponderEliminaradoro ver-te expressar em palavras..mesmo!
Uma dor quase visceral!
ResponderEliminarObrigado! Abraço
Todos, de vez em quando, vestimos a pele de tolos e acreditamos ouvir cantar pássaros na alma. Ainda bem que assim é, pois a realidade só por si pesa demais.
ResponderEliminarJá dizia o Pessoa: "Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?" (D. Sebastião)
É bem verdade deep! Todos nós temos algo mais do que uma mera "mecanização social".
ResponderEliminarHá que deitar cá para fora a diferença que em nós reside!
Cumps.