quarta-feira, 19 de maio de 2010
praça [da liberdade]
Havia na casa uma escadaria antiga
e um corrimão feito em madeira
importada da África dos «anos vinte».
Havia alguns cartazes decorativos
(quase revolucionários) e quadros
que pareciam inacabados
ou feios por gestos pouco medidos
apressados
mas solidamente suspensos
nas fortes correntes metálicas
amarradas às paredes
que eram dum estranho exacto
azul cor céu.
A luz perpetrava a velha clarabóia
numa espécie de intimação
dum atento desfoque à vista.
Jogava nas suas reentrâncias e ângulos
de uma forma perspicaz,
conhecedora enfim,
dos seus segredos.
A cada passo dado entoava-se um som agudo,
imediatamente serenado pela velha escadaria.
Era como uma espécie de melodia
que nos recordava outras músicas
de outras andanças.
A porta abriu-se ofegante
e nós entramos de rompante
na velha casa.
Pudemos depois em jeito
de fim de cena, assistir
ao reboliço pintado pelo
cinza tosco que agora passa
nesta praça [da Liberdade].
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Parabéns por mais um dos teus poemas, sempre que tenho tempo leio alguns e deixo a minha opinião.
ResponderEliminarCristina T.
Bem vinda sejas Cristina, e obrigado pelo "feedback" :)
ResponderEliminarBeijos
Este poema lê-se como se fosse um conto...
ResponderEliminarBjos
:)
ResponderEliminarHá poemas assim, que correm, tipo carreiro de água pela montanha abaixo...
Beijos