para o meu irmão Mário.
Não
fica fácil deixar os nossos para trás.
Uns
sobre outros detêm-se na firmeza
de uma
data. Um estranho cômputo
por
onde vamos perdendo o balanço.
Levam
consigo um pouco de nós,
uma
espécie de memória viva
que comporta
o vazio que nos resta.
Retalham-nos
– a sangue frio – a parte
que
deles nos pertence, sem qualquer tipo
de
aviso prévio ou direito a reclamação.
Depois
seguimos, fingindo nada ter acontecido.
Como
se fosse possível omitir a amputação
de um
membro, de um órgão ou de um coração.
A
verdade é que não resta fácil a tua ausência.
Lá
fora, há um todo abril que chora angustiado,
talvez,
paradoxo pareça, por teres obtido
[finalmente?]
a paz que sempre ansiaste?
A
liberdade que sempre perseguiste?
Ou a
vida a que te impuseste?
Agora
Mário, pouco importa saber.
Deixa
que se exalte – nem que seja
apenas
por hoje – o egoísmo a quem fica,
e que
esse espólio que nos deixas possa viver
para
sempre, nas imagens que ficam
neste
destino sem nome, nesta ferida
[sem cura.
Miguel,
ResponderEliminarLamento :-(
Feridas sem cura, silenciadas numa dor de saudade de ponto final. Que o privilégio da história que temos no tempo comum, seja horizonte de vida sem fim. Xi com o mesmo sentir<3
ResponderEliminarEntendo o que escreves, sinto o que escreves, choro e rio-me com o que escreves.
ResponderEliminarPodia ser eu a escrever isto só me falta ser genial como tu!
Um beijo
Xana
Lamento a tua perda e compreendo um pouco a tua dor, Miguel. Quando alguém querido parte, ficamos com a dor, mas ficamos também com lembranças boas - é a estas que devemos agarrar-nos para atenuarmos um pouco o que sentimos.
ResponderEliminarUm abraço.
Miguel: Há muito tempo que já não venho aqui. Basta invocar, como razão, a dispersão que nos consome. E hoje, que aqui resolvi parar, defronto-me com este doloroso poema. Já não é o poema que interessa. É a sua dor e o seu luto. Um abraço.
ResponderEliminarAlexandre de Castro
Obrigado, Alexandre e restantes leitores e amigos!
ResponderEliminarUm abraço
Leio as tuas palavras, é relembro o passado.... Quando falas em paz e liberdade, sei na verdade porque o dizes porque o conheci bem.
ResponderEliminarEstava a ler e a lembrar o dia que os três fomos ver os Xutos a Bragança, que não vimos.. Tantos e tantos momentos.
Um abraço Miguel
Um abraço, amigo!
ResponderEliminarObrigado pelas tuas palavras.