Quase não dormes em ti.
O teu modo era uma sala
candeeiros meia-luz
a certeza no meio do nada
vago desconforto ao amanhecer.
Mas era vaga também a sala,
os tecidos cor carne, um veludo
fixo aos olhos. E havia uma luz
de silêncio para longe e para sempre,
a palidez rara no resto dias. Um respirar
junto ao fundo, coração lento das palavras.
E um fumo brutal – travado lamento.
Os olhos perdidos no rasto das sombras
e o teu recomeço a cada momento.
A cortina fechada rasgada no rosto
encerra-se lenta a outra face de nós.
Vago, Miguel, este título encerra todo o poema, mas só o sabemos depois. Por isso mesmo é uma chave, coisa rara de concisão e clareza. Muitos poemas poderão ter tal titulo, mas dificilmente vestirão desta fora um texto. E o texto, são imagens vagas, emoções vagas, tudo vago, mas presente, sensível... Falas da ausência e dás memória aos sentidos para encher e os espaços os silêncios que foram deixados vagos, ao correr da cortina. Concreto fica este balanço poético, que fazes da vida entre a presença e ausência (a outra face). Podemos lê-lo e ver que é Vago, mas belo.
ResponderEliminarGostei muito do teu comentário Alice!
ResponderEliminarBeijo grande e concreto! :)
Vaga é a doçura, vagas são as lágrimas, vago é amor e vago é tudo quanto é belo antes do sentido que nós lhe damos!
ResponderEliminarvagamente belo... :)
Beijos
Beijos definidos AMIGA!
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