Hoje não vos venho falar de amor.
Não consigo falar de um tempo que desliza
ao contrário. Tenho dificuldade em olhar
para trás. Tenho dificuldade em dizer
o quanto fui brusco fugindo de ti.
Poder-se-ia dizer que tivemos (quase) tudo:
- um futuro, uma estrada: a alegria das coisas
simples. Mas havia já um novelo deslaçado a dois
tempos, nas paredes arrítmicas do coração.
simples. Mas havia já um novelo deslaçado a dois
tempos, nas paredes arrítmicas do coração.
Depois calamos a revolta no vazio das palavras,
perdemos o balanço, morremos na rotina. Fomos
até ao cabo do medo, atravessamos a espessura
de dez invernos e chegamos até ao fim de nós.
Não conseguimos atravessar a densidade
do cimento (que fomos construindo), junto
à estrutura assimétrica da indiferença;
E fomos indo no adeus, até ao fim do mundo,
à estrutura assimétrica da indiferença;
E fomos indo no adeus, até ao fim do mundo,
______________________ [até ao fim do amor.
Ainda bem que o coração é um músculo que se regenera por si...
ResponderEliminarBeijinho, Miguel
(talvez tenhas chegado ao fim porque tu mudaste... )
EROS
ResponderEliminarNunca o verão se demorara
assim nos lábios
e na água
- como podíamos morrer,
tão próximos
e nus e inocentes?
(Eugénio de Andrade - MAR DE SETEMBRO)
___________________
O "fim" é sempre ou quase sempre figurativo.
Os ciclos fecham-se-nos como o inverno, e nós avançamos para novos ciclos, novos amores, até que nos seja permitido respirar...
Beijinho Virgínia.
Sei bem como vim dar aqui, não sei é como vou sair já.
ResponderEliminarNão precisa de sair já! Vá voltando Sun lou Miou!
ResponderEliminarTambém já visitei seus blogs... e gostei! :)
Com um novelo delicado, no tear do coração, vai-se tecendo fio a fio, o produto do nosso trabalho vai sendo cada vez mais visível e sem darmos conta já estamos de tal maneira presos ao pedaço de tapete que fomos construindo. A cada movimento do tear o amor vai tornando-se cada vez mais sólido. Nada permanece eterno e o novelo de fio que escolhemos nem sempre é suficientemente resistente e quebra. Com algum esforço unimos as duas pontas do fio e retomamos o que começamos, mas não é mesma coisa, mais cedo ou mais tarde o fio quebra-se de novo e o novelo vai-se ensarilhando e a impossibilidade de encontramos a ponta quebrada está cada vez mais visível. Tão Perto de um belo futuro, de uma estrada, da alegria da simplicidade, perdemos aquele novelo. O tear permanece agora imóvel e repleto de um vazio inexplicável.
ResponderEliminarRecorremos de novo ao tear. Com angústia e dor a pouco a pouco, fio a fio, vamos desmanchando tudo o que construímos. Tudo se apagou. Mas com o tempo, aquele tempo que tudo cura, faz-nos de novo encontrar uma meada, que depois de dobada, será de novo c tecida delicadamente, e um novo amor surgirá.
Abri o dicionário e, entre as milhares de palavras procurei o significado da palavra Amor – sentimento que impele para o objecto dos nossos desejos, objectos da nossa afeição, afecto, paixão. Como parece tão simples de descodificar e interpretar esta definição, mas na prática, como é difícil de lidar com este sentimento. Como causa dor, sofrimento e deixa um rasto negro no coração de todos aqueles que por ele sofrem. De Amor, não sei falar, apenas de paixão, de mera ilusão; mas a paixão deliu-se com o tempo, apenas o amor pode permanecer eterno.
Bjs Miguel
O fim é quase sempre o que há de mais certo.
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