EN-VE-LHE-"SER"
Envelheces devagar,
por entre as tuas rugas
e todas as tuas heranças,
e todas as tuas heranças,
manias de perseguição,
teimosias e cabelos brancos,
num rumo cada vez mais perdido:
no tempo ou no sentido, ou
até mesmo,
porque não, no momento certo para arriscar.
porque não, no momento certo para arriscar.
Agora, que já não arriscas
mais
do que cair de costas na
cama,
no atacar ao sentido dos cordões
de uma vida que, vista deste
ângulo,
mais parece ter sido, toda ela,
um perfeito falhanço, digo:
só o açúcar que trazes da
infância
revela o maior amor de todos,
desde sempre e para sempre –
presente por tudo quanto és –
presente por tudo quanto és –
porque de resto, tudo se poderá resumir
à pólvora seca de um alvo falhado
por essas caravanas sem sorte
nem amor ambulante para dar –
à pólvora seca de um alvo falhado
por essas caravanas sem sorte
nem amor ambulante para dar –
há mais de cem anos.
E o que seria de nós sem a
poesia,
sem podermos voar no mesmo sentido
dos versos sinuosos que a
voz nos traz?
(mpc, inédito, 4/2018)