AGOSTO 2010

cafésolo

terça-feira, 14 de agosto de 2012

a casa que era e já não é




A porta da frente sempre aberta, revelando
o bater de uma aldraba que estremece.

As tábuas longas e enegrecidas pelo
tempo, o fulgor de um corredor cuidado-
samente encerado a joelhos. Ao meio:

o cruzamento da porta dos aposentos com a 
da grande cozinha. Ao fundo: uma outra porta
e mais quartos cuidadosamente vigiados pelo

lustre no cobre antigo das caldeiras. Era uma
casa enorme, tão farta quanto a nossa infância.
Havia uma porta nos fundos que se encerrava

quando a luz se perdia e a noite se apossava
dos nossos corpos. Mas era acima de tudo uma 
casa de gatos com nome e de cães com coleira:

“Doggy, Miss, Fisto, Lhau ou Piaui” entre
outros nomes que a memória nos rouba
como a casa que era e já não é mais nada

senão a reminiscência retida pelos versos
e por outras palavras.